Na gramática da língua portuguesa, conjunções é a palavra que une termos ou orações de uma sentença que tem a mesma função. Sendo que essa ligação definida entre as orações pode ser dependente (orações subordinadas) ou independente (orações coordenadas).

Desse modo, as funções determinadas pela variedade de elementos formados nas classes gramaticais possuem algumas semelhanças entre si. Onde nos referimos à situação das conjunções e preposições, visto que as duas têm o propósito de relacionar os termos dentre um enunciado linguístico, dando-lhe clareza e precisão.

Portanto, as conjunções são palavras que assim como as preposições e advérbios, pertencem a uma classe, chamada pelos linguistas de heterogênea, tendo em vista a variedade de formas e funções que elas exercem. Ademais, todas possuem o fato em comum de serem termos considerados invariáveis, em que permanecem com suas grafias (escritas) e estruturas fonéticas (sons) intactas, já que não se moldam para encaixar-se ao grau, número, gênero, tempo e pessoa.

Visto isso, conjunção trata-se de um vocábulo que estipula uma ligação entre palavras ou entre orações, desde que estejam na mesma sentença e executem funções sintáticas iguais.

Então, para que possamos de fato entender do que se trata a conjunção, verificaremos as situações abaixo apresentadas:

  • Somente gostaria que possuísse compreensão e paciência.
  • Não consegui comparecer a aula, mas mandei o devido aviso.
  • Tralharíamos muito, se tivéssemos as ferramentas. 

A conjunção na prática

Concentrando-nos em uma verificação discursiva, chegamos à conclusão que na primeira frase o termo em destaque realizou a união entre as palavras “compreensão” e “paciência”. Outra característica merecedora de atenção é que as orações relacionadas por ele têm por si só completo sentido, ou seja, possuem todos os requisitos precisos para o entendimento do leitor, mesmo que desdobradas.

Assemelhando-se com a primeira, chegamos à segunda frase, em que o “mas” somente as conectou, porque também são independentes sintaticamente. Dessa forma, diante dessas situações linguísticas, nos encontramos com as chamadas conjunções coordenativas.

Apresentando o último exemplo, detectamos que o termo em destaque também realizou ligação entre duas orações, porém, que dependem entre si. Assim, constatamos que a segunda precisa da primeira em relação à noção de sentido. Característica que lhes garante a condição de subordinadas, dado o caso de dependência mútua.  

O que são conjunções coordenativas?

As conjunções coordenativas são encarregadas de juntar dois ou mais termos que tenham a mesma atribuição morfológica e sintática, como por exemplo, substantivos que sejam sujeitos. Além do mais, elas possuem o propósito de ligar duas orações autônomas, isto é, cujo entendimento do sentido de uma elimina a observação da outra.

Contudo, é fundamental destacar que as conjunções ao realizarem essas conexões, auxiliam para a composição do conteúdo das orações envolvidas, de maneira que elas podem ser identificadas como:

  • Conclusivas;
  • Alternativas;
  • Aditivas;
  • Explicativas;
  • Adversativas (oposição).

Quais são os tipos de conjunções coordenativas?

Tipos de conjunções coordenativas  Conjunções mais comuns
AditivaNão só, nem, mas também, e.  
AdversativaEntretanto, no entanto, contudo, porém, não obstante, todavia, mas (sempre no começo da oração).  
AlternativaQuer…quer, ora…ora, nem…nem, seja…seja, ou…ou (pode vir duplicado ou não).  
ConclusivaAssim, por conseguinte, pois (depois do verbo), logo, portanto, por isso, diante disso (atente-se que várias são locuções conjuntivas, ou seja, diversas palavras executam a função de conjunção).  
ExplicativaPorquanto, que, porque, pois (antes do verbo).  

Função e classificação das conjunções coordenativas

  • Conjunções aditivas – exprimem soma. Onde a conjunção autoriza que seja acrescida uma informação a primeira oração.

Exemplos:

Fui ao parque e chupei um sorvete.

Ele não me agrada, nem eu lhe dou condição (Arantes).

  • Conjunções adversativas – definem um contraste ou oposição entre a ideia descrita na primeira oração e a que está na segunda.

Exemplos:

Anita desencanou de alugar uma casa, porém ela tem desejo de possuir uma moradia.

Os indivíduos gostam de gastar, mas ninguém está consumindo roupas hoje em dia.

  • Conjunções alternativas – indicam uma oscilação de ideias. Onde apresentam também o descarte de um pensamento em função do crescimento de outro.

Exemplos:

Seja estudante, seja trabalhador, todos precisam de direitos.

Ora tem bastante raiva, ora está calmo.

Independência ou morte! (D. Pedro I)

  • Conjunções conclusivas – definem um efeito relacionado ao que está na oração anterior. Além do mais, inserem o sentido de desfecho de uma ideia.

Exemplos:

Abracei, pois, Rogério, quando estive no museu do Louvre.

O período de entrega das lições acaba hoje, logo, termine-as agilmente.

  • Conjunções explicativas – mostram uma razão, um motivo, ou seja, uma das sentenças fundamenta a mensagem da outra.

Exemplos:

O almoço foi um sucesso, pois a mesa principal foi decorada.

A seleção de candidatos foi errônea, porque não foi respeitado o memorando que proibia parentes de funcionários.

Diversos sentidos das conjunções coordenativas

Ainda que as conjunções coordenativas assumam predominantemente certos sentidos, elas podem mascarar-se de outras definições, de acordo com o contexto onde são introduzidas. Por isso, confira abaixo algumas situações que comprovam essa afirmativa:

  • E

Labutou bastante e não conseguiu salário.

(Oposição)

Decorou um apartamento e mudou-se para lá.

(Consequência/conclusão)

O garoto é lindo, e muito lindo!

(Explicação enfática)

 E a Cassandra, tem o telefone dela?

 (Situação/assunto)

Forçou o pincel na tela e deleitou-se com fortes devaneios.

(Finalidade)

  • Mas

O aniversário terá salgados, mas em pouca quantidade.

(Restrição)

Mas e o chalé? Acabou de reformá-lo?

(Situação/assunto)

Estava morrendo de fome, mas engolia suco para conter a sanha.

(Atenuação)

Brincou com o filho, mas arrependeu-se e não voltou a importuná-lo.

(Retificação)

O que são conjunções subordinativas?

Como dito anteriormente, as conjunções subordinativas tratam-se de termos invariáveis, cujo propósito é juntar orações, porque uma delas executa o papel principal, enquanto a outra, o papel de subordinada, ou seja, dependendo da primeira para a completa construção de um sentido.

Levando em consideração o tipo de ligação que essas palavras compõem, pode-se distingui-las em adverbiais e integrantes. Onde as conjunções subordinadas integrantes começam sintagmas nominais, enquanto que as conjunções adverbiais inserem sintagmas adverbiais e podem ser caracterizadas como:

  • Comparativas;
  • Concessivas;
  • Temporais;
  • Finais;
  • Proporcionais;
  • Condicionais;
  • Conformativas;
  • Casuais;
  • Consecutivas.

Quais são os tipos de conjunções subordinadas?

Conjunções subordinativas  Conjunções mais comuns
CasuaisUma vez que, visto que, porquanto, já, que, que, pois, porque, por isso que.  
CondicionaisContanto que, a não ser que, salvo se, desde que, dado que, a menos que, caso, se.  
ConformativasComo, segundo, consoante, conforme.  
ConcessivasAinda que, por menos que, embora, se bem que, por mais que, conquanto, apesar de que, mesmo que.  
ComparativasQual depois de tal. Como se, como, assim como, que nem, bem como. Quanto depois de tanto. Seguidas de que, menor, maior, melhor, pior, mais, menos.
ConsecutivasTamanho, tanto, tão tal (em uma oração, seguida pelo que em outra oração). De forma que, de modo que, de maneira que, de sorte que.  
ProporcionaisÀ medida que, à proporção que, ao passo que.  
TemporaisSempre que, cada vez que, até que, todas as vezes que, antes que, logo que, quando, mal, depois que, desde que.  
FinaisPara que, a fim de que.  
IntegrantesSe, que.  

Função e classificação das conjunções subordinativas

  • Conjunções casuais – começam a oração que retrata o motivo de certo acontecido mostrado em outra oração.

Exemplo:

Refaça esta parte do exercício, pois está errado.

Projetei a reforma do meu apartamento, visto que sou arquiteto.

  • Conjunções condicionais – começam a oração que possui uma hipótese ou uma condição relacionada a um ocorrido expresso em outra oração.

Exemplo:

Se eu conseguir alcançar toda a turma, poderei me formar.

Lola cometeu uma gafe, a menos que haja duas formas de realizar este tipo de cumprimento.

  • Conjunções conformativas – inserem uma oração que representa uma concordância em associação com o que está introduzido na outra oração.

Exemplo:

Conforme Caetano Veloso canta, “Gente é pra brilhar. Não pra morrer de fome”.

Segundos dados do IBGE, o número de idosos deve dobrar até 2042.

  • Conjunções concessivas – inserem uma oração na qual é percebido um fato variado, porém incapaz de anular o que estipulado na outra oração. Desse modo, há uma coexistência das duas informações.

Exemplo:

Apesar de a fábrica estar em férias, ela mantém a folha de pagamento em dia.

Não sei sobre o que você está gesticulando, embora seja engraçado.

  • Conjunções comparativas – insere uma oração encarregada de realizar uma comparação, um paralelo com o que foi apresentado na outra oração.

Exemplo:

Ana chegou à recepção como um lindo ganso chega ao jardim.

As análises revelam uma incidência maior de cloreto de sódio nas comidas enlatadas.

José teve um desenvolvimento melhor do que André.

  • Conjunções consecutivas – mostra um desdobramento, uma consequência da informação disposta na outra oração.

Exemplo:

As aulas presenciais foram interrompidas, de modo que os estudantes tiveram um desgaste no decorrer da matéria.

A banalidade dos bandidos foi tamanha que levou a senhora a ter um mal súbito.

  • Conjunções proporcionais – insere uma oração, cujos fatos são concomitantes, simultâneos, ou seja, acontece no mesmo espaço de tempo do contido na outra oração.

Exemplo:

À medida que a garota cresceu, as roupas aumentaram.

O curso de Advocacia continua atraindo muitos indivíduos, ao passo que grande parte deles não sabe sobre as atrocidades enfrentadas pelos advogados.

  • Conjunções temporais – começam uma oração que representa situação de tempo.

Exemplo:

Quando fui à quitinete, encontrei a Marieta.

Antes que a mancha apareça, o pano precisa secar.

  • Conjunções finais – insere uma oração que exibe o objetivo, a finalidade de uma ação presente numa outra oração.

Exemplo:

Lauro, faça a lição de casa para que a diretora não chame seus pais.

Escovo os cabelos a fim de manter a saúde dos fios.

  • Conjunções integrantes – mostra uma oração que figura como complemento nominal, objeto direto ou indireto, aposto, sujeito ou predicativo de outra oração.

Exemplo:

Tive medo, percebi que tinha produzido um empecilho.

Veja se me entende.

Diversos sentidos das conjunções subordinativas

Ainda que as conjunções subordinativas estruturem, em grande parte das vezes, sentidos específicos, elas tem capacidade de assumir outras definições, conforme a situação a qual estejam. Dessa forma, observe abaixo alguns casos que expõem esse caráter mutável das conjunções subordinativas.

  • Como

Joana arrasava como a jornalista da TV.

(Comparação)

Como era boa, ninguém conseguia ignorá-la.

(Causa)

Como Eduardo afirmou, temos que nos unir nesta hora difícil.

(Conformidade)

Se não era muito esperto, ainda assim conseguiu alcançar um patrimônio.

(Concessão)

Se continuar falando assim, eu vou embora.

(Condição)

  • Se

Se não era muito esperto, ainda assim conseguiu alcançar um patrimônio.

(Concessão)

Se continuar falando assim, eu vou embora.

(Condição)

Exercícios resolvidos envolvendo conjunção coordenativa

1 – O mesmo tipo de conjunção que substitui os dois pontos em “E, apesar das promessas de que o crescimento do PIB reduziria a pobreza, as desigualdades econômicas mantêm-se: a cada US$ 160 milhões produzidos no mundo, só US$ 0,60 chega efetivamente aos mais pobres.” pode ser aplicado em:

a) Os ecoeconomistas só alimentam um propósito: poupar os recursos ambientais.

b) Hugo Penteado disse: “a Terra é finita e a economia clássica sempre ignorou essa verdade elementar”.

c) Os ecoeconomistas apontam os vícios das empresas: o desperdício de matérias-primas, o estímulo ao consumismo e a obsolescência programada.

d) A ecoeconomia não é exatamente nova: seus princípios exponenciais começaram a surgir na década de 1970.

e) Paulo Durval Branco foi enfático ao afirmar: “as empresas vêm repetindo a palavra sustentabilidade como um mantra”.

Resolução

Alternativa D. Os dois pontos presentes no enunciado da questão e na alternativa d podem ser substituídos pela conjunção “pois” ou “porque”, tendo em vista que as afirmações que sucedem tal pontuação têm a função de explicar o que foi dito.

2 – Analise o uso das conjunções destacadas no seguinte trecho: “A língua, no entanto, é objeto privilegiado nessas discussões porque é o meio coletivo básico e, por assim dizer, universal de expressão.” Acerca desses usos, é correto afirmar que:

a) A primeira conjunção foi selecionada por carregar valor conclusivo; a segunda, por introduzir uma explicação.

b) A conjunção “no entanto” tem valor condicional, sendo equivalente a “contanto”; já a conjunção “porque” exprime causalidade.

c) A primeira conjunção presta-se perfeitamente a expressar o valor opositivo que o autor queria dar às suas ideias; a segunda expressa uma causa.

d) A primeira conjunção “no entanto”, de valor temporal, tem posição móvel no enunciado; a segunda conjunção “porque”, de valor explicativo, tem posição fixa.

e) Ambas as conjunções têm valor conclusivo no trecho apresentado, por isso estão colocadas no fechamento do texto.

Resolução

Alternativa C. A primeira conjunção assume o valor opositivo que o autor pretendeu dar às suas afirmações, e a segunda apresenta uma causa.

Exercícios resolvidos envolvendo conjunção subordinativa

1 – Leia atentamente o trecho destacado e assinale a alternativa correta.

“Levantei-me, encostei-me à balaustrada* e comecei a encher o cachimbo, voltando-me para fora, que no interior da minha casa tudo era desagradável.” [S. Bernardo, p. 142].

* balaustrada: parapeito, grade de proteção ou apoio.

No trecho destacado, a palavra “que” não transmite a ideia de:

a) causa.

b) consequência.

c) razão.

d) fundamento.

e) motivo.

Resolução

Alternativa B. Perceba que todas as demais alternativas são semanticamente próximas, o que leva à compreensão acerca da conjunção subordinativa “que” ser causal, tendo em vista que todas as ações presentes no trecho são decorrentes do fato de a casa da personagem ser desagradável.